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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Intolerância Religiosa em Salvador

(Estaremos publicando semanalmente o trabalho de pesquisa de Fernando Carneiro sobre "A Intolerância Religiosa das Igrejas Evangélicas de Salvador - Bahia na Atualidade".)

INTRODUÇÃO

 
Em todas as sociedades humanas, o processo histórico mostra de forma clara, a extrema dificuldade que homens e mulheres tiveram e têm, ainda hoje, em cultivar uma cultura de respeito pelas diferenças, sejam diferenças étnicas, de gênero ou de crenças religiosas. Mas, inegavelmente, a intolerância às crenças religiosas do outro, tem sido e ainda persiste, como a maior causadora de conflitos e preconceitos entre as pessoas, as nações e as demais sociedades humanas.
O contexto histórico-geográfico e cronológico em que se pesquisa esses conflitos de cunho religioso, neste trabalho acadêmico é a cidade de Salvador (Bahia), no Brasil, entre os anos de 2001 e 2009, onde se diagnosticou o agravamento do embate entre a maioria das denominadas igrejas evangélicas (SILVA, 2007, p. 9), a serem abordadas mais adiante, em confronto com as religiões de matriz africana ou religiões afro-brasileiras principalmente, caracterizando uma acirrada e agressiva intolerância religiosa por parte da maioria das aludidas comunidades religiosas cristãs.
Tem-se como resultado do processo histórico do Brasil, principalmente na Bahia e em Salvador, de forma específica, o entendimento que a intolerância religiosa contra as religiões de matriz africana tem suas origens do século XVI, em virtude do início do sistema escravocrata no Brasil, fruto da dominação portuguesa sobre várias sociedades africanas, onde seres humanos eram trazidos à força para o Brasil, na condição de escravos, para suprir a necessidade de mão-de-obra do sistema econômico colonial.
Apesar dessa origem historica, neste trabalho procura-se apontar algumas das causas dessa intolerância religiosa, bem como estabelecer os porquês da permanência de tal situação na atualidade, mesmo num estado de direito que possui uma constituição (carta magna) democrática, defensora dos direitos humanos e da pluralidade religiosa, onde proibe veementemente em seus artigos, toda e qualquer forma de discriminação, inclusive religiosa. 
Procura-se também apontar no desenvolvimento desta pesquisa, as lutas e as reações das comunidades vitimadas com tal sentimento discriminatório, assim como as conquistas sócio-políticas articuladas por toda a sociedade da capital da Bahia.
Visando ainda, facilitar o entendimento da presente pesquisa, procurou-se realizar, inicialmente, uma breve abordagem sobre as religiões de matriz africana no Brasil, enfatizando-se o(s) Candomblé(s) e a Umbanda, assim como uma breve abordagem do protestantismo brasileiro, enfatizando-se segmento denominado de evangélico no Brasil. Tais abordagens objetivam apresentar o cenário religioso em questão (religiões de matriz africana e igrejas evangélicas) atualmente, da capital da Bahia.

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