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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

PROTESTANTISMO E RELIGIOSIDADE POPULAR

Por Marcos Monteiro


Na nossa pesquisa sobre protestantismo e religiosidade popular, a qual inclui Antônio Conselheiro e sua Canudos, o missionário Padre Ibiapina e o Sertão do Cariri, e o Padre Cícero de Juazeiro do Norte, nos interessa especialmente a questão da relação dessa religiosidade do povo com a implantação protestante no Brasil.

Na mítica Canudos, o conselheiro aceitava todo mundo, menos ateus, judeus, maçons e protestantes. Padre Wilson, um grande amigo, expressou a opinião de que isso seria ou um exagero ou força includente de expressão, até mesmo porque o protestantismo seria praticamente uma inexistência, por aqueles tempos e por aquelas bandas.

Nas Crônicas sobre as Casas de Caridade do Padre Ibiapina, fala-se dos inimigos da igreja de maneira generalizante, embora alguma menção explícita aos “hereges” protestantes da Europa.

Essa relação entre religiosidade popular e implantação protestante no Brasil merece uma investigação mais acurada com algumas questões evidentes.

1. O forte espírito polêmico e proselitista das missões protestantes causa reações públicas da oficialidade católica em jornais, à medida que espalha uma série de folhetos usados para atacar a hegemonia doutrinária católica.

2. Conversão estratégica de padres são exploradas grandemente pelas missões protestantes, produzindo um grande reboliço e provocando reações.

3. Qualquer conversão de católicos ao protestantismo em cidades do interior era suficiente para provocar conflitos e acirrar contendas que iam da disputa dogmática às puras altercações corporais, às vezes chegando a extremos.

4. A pregação do protestantismo era comumente associada à ideologia do progresso, de natureza capitalista, e à modernidade, colocando sempre na conta do catolicismo o atraso e a estagnação econômica.

Talvez essas fossem razões suficientes para imbuir os líderes religiosos populares de forte resistência ao protestantismo, o que ajudava a tornar os fiéis desconfiados e hostis diante da “heresia” que se avizinhava e ameaça a coexistência social.

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